quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Todos querem cada vez mais ter mais, e quando falta?

Levanto-me, é noite, mas sente-se uma luz forte, é a rua dos carros parados. Ainda meio acordado olho as horas, são 3:37, mais do que horas para dormir, não consigo, volto à cama e assaltam-me pensamentos ridículos, os mais actuais.

E se tudo estiver a acabar como conhecemos, como será esta passagem gradual?
Como será a próxima sociedade?

Como nos vamos entender como seres vivos?
Como vamos partilhar o futuro?


Temos vivido numa sociedade de desperdício, em que todos querem cada vez mais ter mais. Será que chega para todos termos o mesmo que uns quantos privilegiados já possuem?
Os entendidos dizem que não, dizem que éramos em meados do século passado 2000 milhões de pessoas e hoje somos 7000 milhões.


7000 milhões de habitantes num grão de poeira deste vasto universo. A somar a isto, além de nós existem ainda os que prezamos como melhores companheiros, os cães, os gatos, os pássaros, os roedores, os equídeos, no fundo todos os nossos animais de estimação, que também eles comem e produzem detritos, eles também cada vez mais têm mais porque nós queremos que eles tenham, e a população destes companheiros dos humanos aumenta, já é tão desproporcional à normal evolução da sua espécie, que é um peso extra à degradação do planeta. Com a agravante que muitos de nós não os querer mais como companheiros, e tantos são abandonados que deixam de ser companheiros, passam a animais selvagens nesta selva de betão, abandonados à sua sorte e a serem um problema, a serem considerados uma praga, e como já não são desejados por muitos, são um peso, e só são acarinhados só por alguns heróicos defensores.

E gastamos tanto o que não devemos, não pensamos nos nossos descendentes, mas também o reverso é dado quase de imediato, muitos dos descendentes não pensam nos mais velhos, nesses que hoje são o que um dia eles serão, os que controlam, os que mandam, os que sabem e podem fazer, nós, os contribuintes, os que trabalham, que procriam, que se empenham aos bancos para ter rumo nas suas vidas, os que jogam o jogo da vida, primeiro para fugir dos mais velhos depois para acasalar, zangar e separar, é viver fácil a fazer sem valores, viver o hoje em dia, poder nos comprometer a comprar e depois não pagar, é um jogo com regras sem valores de integridade, as regras feitas para serem quebradas, e quando convém são quebradas por quem deveria ser árbitro.

Olhando a sociedade de hoje no balão em que a minha falta de sono me transporta, com a vista que o silencio da madrugada nos dá, em geral, de uma forma global, o ser humano interage e rege-se por um principio ancestral, diria mesmo pré histórico a que chamo "a minha fogueira tem de ter mais lenha, e ser maior do que a dos demais", porquê?
Não sei, não percebo, não faz sentido, pelo menos para mim, porque raio é que não partilhamos as fogueiras? É menos poluente, é como as queimadas de ervas daninhas, porque raio se fazem? Para emitir CO2?

Ou será que não partilhamos as fogueiras pelas diferenças de horário de aquecimento? É pela localização da fogueira? É porque partilhamos o espaço e olhamos nos olhos de vizinhos todos os dias, mas na realidade ninguém se conhece? Bom dia, Boa tarde e boa noite ...

Não entendo os adultos, nós, quando olho para as crianças e tudo no seu código animal lhes diz para socializar, para aprender, para rir, para chorar, para comunicar de uma forma simples e suficientemente expressiva, para chamar a atenção uns dos outros. Mas porque é que ninguém liga a ninguém?
Somos ilhas. Somos induzidos a educar os nossos desprendidos de carinho social, de atenção, de entre ajuda, de comungar e partilhar. Porquê?
Eu acho, não ... eu tenho a certeza, é que enquanto todos nos comportamos como uma ilha, vamos todos consumir mais, vamos fazer uma fogueira grande muito grande na nossa ilha, vamos comprar para a nossa ilha tudo o que a ilha do vizinho tem, sem nos apercebemos que sendo vizinhos somos muito diferentes nas necessidades mas tão próximos na morfologia e podemos partilhar. E já somos 7000 milhões, são muitos bichos de estimação.

Descuramos o social porque é sinónimo de ser pobre, mas só existe a pobreza de carácter, a pobreza espiritual, porque a posse materialista existe para alguns e no fundo todos sabemos que para uns terem outros deixaram de ter.
É tudo relacionado com o dinheiro, com a propriedade e não a necessidade real de viver equilibradamente, comporta-mo-nos como esquilos a viver um eterno Verão a acumular para um longo Inverno que nunca chega.


E quem é pobre de carácter e de personalidade?
Será que se notam marcas evidentes dessa pobreza?
Ou temos todos de saber as regras de uma sociedade empobrecida de carácter e fazer da nossa personalidade social um tapete rolante de modas e caprichos, de ondas e rebanhos, de modos
e ditos, de imagem e culto de ídolos bonitos?

Será que ser HUMANO hoje na terra de hoje com o conhecimento que todos temos, com a partilha possível de se fazer hoje, será que ser HUMANO é ser isto? Acordar às 3 e tal da manhã, preocupado porque não entendo como chegaremos mais longe a partilhar
tão pouco do que nos une a todos.

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